sexta-feira, dezembro 15, 2006

Acerca da verdade


Aristóteles propôs-nos um critério da verdade como correspondência.
Descartes propôs-nos um critério da verdade como evidência.
G. Frege fala de verdade como redundância…
Todos os grandes autores da filosofia adoptam explícita ou implicitamente um ou outro critério de Verdade.

Neste sentido, Jorge Coroado (árbitro!) já fez saber que ele próprio produziu um inovador critério de Verdade: o da Verdade como pompa.
Assim, o grau de Verdade de uma frase ou proposição é tanto maior, quanto mais pomposa e majestática (essa frase ou proposição) for.

Recém-integrado nas malhas da filosofia, a prudência fá-lo não sistematizar expressa e explicitamente esta novidade uma vez que, no meio futebolístico, o súbito apego ao racional e imaterial não é bem-vindo.
Esta autêntica bomba conceptual lançada pelo juiz, ficou sugerida em conferência de imprensa, embora velada e disfarçada de comentário desportivo. Disse Coroado, quando questionado acerca da escolha de um árbitro: Escolhi este árbitro “por um conjunto de factores que consubstanciam o facto da sua categoria intrínseca, espelhada pela insígnia que ostenta”.

(admiração, encanto, pasmo)

Repare-se no carácter absolutamente verdadeiro desta frase – é absolutamente impossível não deixar de dar o assentimento à escolha daquele árbitro. Veja-se como seria diferente se o nosso herói filosófico tivesse apenas dito: “É um bom árbitro, como todos os outros.”
Se assim tivesse sido, perguntas choveriam em torrente, críticas e injúrias suceder-se-iam, mas assim: Nada.
Na Verdade, a pompa aplicada a esta frase é de tal índole, que apesar de aquela não significar, aparentemente, nada, só podemos, depois de a ouvir, pasmar, emudecer e acatar, com o sentimento profundo de calma e pacificação interior, que só a mais pura e profunda Verdade pode proporcionar.


2 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Três vivas para o gentil autor que nos brindou com tão belo post!

7:59 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

a eloquencia e a verdade estão de braço dado nas lides do jogo do pé na bola.
juntemos C.Salgado a Jorge C. e fujamos aos gritos. A verdade será uma realidade outra, embrulhada numa eloquencia vácua

8:14 da tarde  

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